quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O Atendimento à Violência Doméstica

Que nós, mulheres, somos guerreiras, batalhadoras e lutamos pelo que queremos, todos sabem. Que nós temos uma rotina movimentada, dividindo as horas de todos os dias entre o trabalho, a casa e a família, também todos sabem. Mas nem todos conhecem a fundo um grande problema que prejudica muitas mulheres: a violência doméstica.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em média ocorrem 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano. São 472 a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma a cada hora e meia. Entre essas mortes, estão registrados os casos de maus-tratos, agressão por meio de força corporal, força física ou violência sexual, por exemplo. São números absurdos e reverter essa situação é fundamental.

De acordo com o estudo do Ipea, que foi divulgado no último mês. As mulheres jovens foram as principais vítimas de violência entre os anos de 2009 e 2011 - 31% na faixa de 20 a 29 anos e 23% de 30 a 39 anos.

Só em Ribeirão Preto, segundo estatísticas da Delegacia de Defesa da Mulher, o total de ocorrências registradas no município chegou a 3.823 de janeiro a setembro deste ano. São estupros, agressões e ameaças. Atos violentos que não podem continuar a acontecer.  

São números alarmantes, que se misturam com as políticas públicas criadas em prol das mulheres, como a Lei Maria da Penha ou a própria Casa Abrigo, em Ribeirão Preto, que atende as vítimas de violência. As atitudes dos governos municipal, estadual e federal são fundamentais para que os números diminuíam. Também são indispensáveis os movimentos independentes das mulheres o todo o trabalho da Coordenadoria da Mulher, que tem se empenhado, diariamente, nessa luta. 

Nesse cenário, é de se elogiar a postura da Delegacia da Defesa da Mulher, e aqui também destaco o trabalho da delegada Luciana Renesto, que tem se esforçado, e muito, por essa causa, além de ter prestado todo o apoio aos projetos municipais e independentes que visam o combate à violência contra a mulher.

Não é a primeira vez que escrevo sobre a violência contra às mulheres neste espaço. Também não é a primeira vez que lembro o quanto nós, mulheres, somos guerreiras. Precisamos enfrentar os problemas e precisamos ter apoio para isso. Quero que, cada vez mais, tenhamos uma estrutura que colabore com nossa defesa e nos garanta respaldo.

A violência contra a mulher não é apenas física. É verbal. É moral. São palavras grosseiras que tentam menosprezar, desqualificar. Palavras que ferem e que agridem. 

Por isso, envio hoje ao presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori, um pedido para a criação de uma vara em Ribeirão Preto exclusiva para o andamento de casos relacionados à violência contra a mulher. Esse pedido é resultado de uma reunião que tive com o diretor do fórum de Ribeirão Preto, o juiz Sylvio Ribeiro, que também trabalhado incansavelmente nessa causa. No pedido, solicito que seja implantada a Vara Especial de Atendimento à Violência Doméstica. É mais um mecanismo para a defesa da mulher. É mais uma ferramenta para que nós, mulheres, possamos nos unir e encontrar alternativas ao problema que atinge tantas brasileiras. É um trabalho conjunto para diminuir a violência doméstica em nossa cidade.


Dárcy Vera
(artigo publicado na edição de 23 de outubro de 2013, no jornal Tribuna, de Ribeirão Preto)

Nenhum comentário:

Postar um comentário